Slow fashion e a tendência sustentável

Como o fast fashion vem perdendo espaço para o slow fashion
e o que isso tem a ver com consciência ambiental

Moda, globalização e sustentabilidade, são temas que tem a ver – mais do que você pensa. A internacionalização de tecidos, possibilitava que costureiras locais recebessem encomendas e fossem confeccionadas peças sob medida. Assim, foram feitas roupas exclusivas, com materiais comprados em outros países. Mas, o que sustentabilidade tem a ver com o assunto? Primeiro, vamos entender como funcionou a globalização da moda.


A alta costura sempre foi presente na sociedade. Ainda no século XV, roupas femininas e masculinas valorizavam silhuetas, postura corporal e exaltavam com sua exuberância, a classe social – com cortes precisos, feitos sob medida.


Tecidos eram transportados e exportados em grandes navegações, aquecendo o comércio local e internacional. Eram esses tecidos, produzidos com fibras naturais como o algodão, linho, a seda e lã, derivados da agricultura. Porém, a costura da Era Renascentista, exigia dedicação na confecção. As senhoras da época exigiam pedrarias, mangas bufantes, bordados e espartilhos em seus vestidos. Tudo feito à mão!


Já no fim do século XX, o mundo percebeu que precisava de roupa em grande escala e para isso, exigia produção mais ágil. Costureiras costumavam costurar e bordar à mão, sendo essa uma dedicação que levava dias ou até meses, para realização de uma peça de alta costura. Sendo assim, nos anos 90 foi inventada a máquina de costura, onde a confecção de roupas seria realizada de forma ágil e possibilitaria a costura de mais de uma peça por vez, em tempo mais curto.


Com o aumento do fluxo têxtil, a produção passou a ser em grande escala. O movimento fast fashion (moda rápida) ganhou vez, sendo realizado por grandes marcas de atacado, até os dias atuais. Marcas essas, que recriaram peças com aparência de alta costura, entretanto, com baixo custo e menos perfeccionismo – como seriam as peças exclusivas.


Um modelo de vestido, passou a ser produzido em maior quantidade e pelo mundo todo, tornando-se padrão internacional, de acordo com a estação do ano. Contudo, as consequências, não foram colocadas em pauta e, os resultados, ainda vemos nos dias atuais, na poluição ambiental com o descarte de peças que foram produzidas com materiais sintéticos, com estimativa de até 200 anos para se decompor na natureza.

Agora, calcule ao menos duas peças de roupa descartadas por mais de 200 milhões de habitantes no Brasil. O país registra uma marca de 17 mil toneladas em tecidos descartados no lixo, por ano! É poluição de resíduos têxtil e bilhões de reais na economia perdidos.

No ranking de países que mais poluem, estamos em quarto lugar, sendo a produção têxtil, um dos maiores fatores para acúmulo de lixo, segundo estudos da Universidade de São Paulo – USP.

Com dados tão assustadores sobre confecção em grande escala gerar um maior descarte de roupas, a popularização de troca de peças – bazar – e o handmade, torna-se, a cada ano, uma tendência mais forte e freqüente.

O fast fashion dos anos 90, onde encontrávamos roupa em massa e com rapidez no mercado fashion, agora dá espaço para o slow fashion (moda lenta), onde são confeccionadas peças exclusivas e com maior durabilidade. O respeito pelo meio ambiente, é uma pauta de décadas. Agora, ainda no meio fashion, com a conscientização de auto responsabilidade e consciência ambiental, voltamos a valorizar a produção de roupa por encomenda.

O slow fashion beneficia não somente o meio ambiente, como também os pequenos empreendedores e a cultura local. A procura pela costura feita à mão, traz em pauta a valorização de peças com bordados e características de uma região, como é o caso da renda filet, conhecida no estado de Alagoas, Brasil.

Produtos exclusivos tem como benefício, a procura por materiais duráveis, melhor acabamento da costura, além da exportação de cultura e trabalho de costureiras locais, para o mundo.

Moda, globalização e sustentabilidade conectam-se nos novos tempos.


Palavras chave: slow fashion, fast fashion, moda, sustentabilidade